O mal no mundo
02/12/2024A história foi sempre marcada por situações deprimentes, por atitudes de maldade, ao lado também de muitas e de reconhecidas práticas do bem. Mas, na atualidade do mundo e do Brasil, o clima é de perplexidade diante de tantas desumanas ações e maquinações engenhadas por pessoas totalmente desconectadas dos verdadeiros valores, daqueles que protegem e elevam o ser humano.
Deus não criou o mal, porque ele não faz parte da natureza, mas entrou no mundo e chega a dimensões preocupantes. Na visão bíblica, Adão e Eva se envergonharam diante da trama que tiveram. Creio que as pessoas de bom senso e honestas ficam envergonhadas diante de tanto mal visualizados hoje. No Brasil, causa indignação o que vemos pelos noticiários quanto a políticos com currículo escuso.
O nascimento de Jesus Cristo no seio de uma família, do casal José e Maria, realiza o desejo de Deus para toda a humanidade, que é construir o Reino da vida e do bem. O mal é afronta ao projeto desse Reino, porque suas consequências são desastrosas. Assim acontece numa guerra, num projeto de organização maquinado para matar. São situações que degradam a dignidade da pessoa humana.
Ao dizer para Adão a expressão, “onde estás?” (Gn 3,9), significa que Deus vai à procura de quem se isola e passa por um caminho de escuridão, de ciúme, de mentiras, de ódio e de vingança. Entendemos que é hora de surgir uma nova história para o mundo, de elevação da dignidade humana, de um novo Natal, onde a vida tenha sentido, seja valorizada e respeitada em seus direitos.
Somos todos, como Maria, a Mãe de Jesus Cristo, também portadores da graça de Deus, predestinados à dignidade de filhos adotivos, no amor. Portanto, habilitados para superar as provocações da “serpente”, uma figura bíblica do mal, projetar e realizar o bem em nossos ambientes de relações. Esse é um dever que atinge quem é reconhecido e investido de autoridade numa comunidade.
Sabemos que o mundo é lugar de benção, de relações, mas também de muitas fragilidades. Espaço de possibilidades para o bem ou para o mal. Então, é lugar de escolhas, de colar-se fraternalmente diante do outro com o propósito de servi-lo, principalmente naqueles momentos de maior necessidade. A vida depende do “sim” consciente e aberto e colaborar com a sociedade para que seja saudável.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.