Encarar a missão
29/08/2022A vida, por si, já é uma perfeita missão, um compromisso bem introjetado na existência histórica. A natureza da criação colocou em nossas mãos a preservação do que foi criado. É como um existir, trabalhado e construído com nossas próprias mãos. Mas também um forte enfrentamento daqueles obstáculos que concorrem com tudo que perturba a serenidade, a paz e falsifica os princípios do bem.
Na identidade da missão está a exigência de denúncia das injustiças da classe dominante e impiedosa. Foi justamente isto que fizeram os profetas bíblicos, porque assumiram, de forma radical, a missão que a eles foi confiada, levando em consideração o que estava acontecendo de destruição da ordem social. Esta não é uma missão tão fácil, porque causa situação de impopularidade.
Ao encarar uma missão na sociedade, a vontade é de passar por caminhos mais fáceis, sem sacrifício e totalmente suaves. Mas isto não é o que vemos na prática concreta de Jesus, quando levou à plenitude a missão que lhe foi confiada. O caminho foi duro, cheio de sofrimento, mas assumido com determinação e coragem. Podemos dizer que sem sacrifício é impossível construir um mundo melhor.
A missão concreta de uma liderança comunitária supõe apresentação de bons projetos. É justamente um dos detalhes que deve ser olhado durante uma campanha eleitoral. A autenticidade e o perfil de um candidato estão, em parte, ligados à sua capacidade de apresentar aquilo que pretende realizar numa possível gestão, com projetos simples e possíveis de serem cumpridos.
Neste cenário de eleições nacionais, todos os eleitores são convidados a ter um olhar retrospectivo sobre o histórico de vida dos candidatos, principalmente de quem já exerceu algum cargo público. Muitos prometem apenas para enganar, porque depois descartam o cumprimento do que foi prometido. Esse é um dos momentos em que os eleitores precisam agir com responsabilidade, para o bem comum.
Estamos numa cultura política contra a vida do povo. Muitos políticos carreiristas, mais preocupados com seus próprios interesses econômicos do que com a vida das pessoas mais sofridas. É hora de superar as paixões partidárias e eliminar quem não contribui com o bem público, com o bem do país. O voto é um instrumento poderoso, mas tem que ser dado com liberdade e responsabilidade.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba