Acolhida e hospitalidade
15/07/2022Acolhida e hospitalidade
Acolher o outro em suas necessidades é um dos gestos de grandeza, de generosidade, e tem uma amplitude de espiritualidade na prática do bem. A pessoa que age desta forma normalmente é gratificada e plenificada interiormente. Isto não deixa de ser uma das questões de hospitalidade e amor fraterno, mesmo na desconfiança quanto à identidade e postura daquele que é acolhido.
Devemos entender a presença de um hóspede como sendo um dom agradável, e quem assim faz, terá sempre a recompensa de Deus. Jesus experimentou a condição de hóspede, quando visitou a casa das irmãs, Maria e Marta (cf. Lc 10,38-42). Foi oportunidade de diálogo com essas duas pessoas residentes num mesmo lugar, mas cada uma com pensamentos e atitudes muito diferentes.
Na bíblia encontramos muitas outras práticas de acolhida e hospitalidade, revelando as atitudes de quem tem o coração aberto e solidário. É o caso do casal Abraão e Sara, ambos idosos e sem filhos, que recebem com todo carinho em sua tenda três transeuntes que passavam por ali. Não deixou de ser um gesto de caridade, que é agradável aos olhos do Senhor, quando isto é feito com amor.
A acolhida tem um sentido de inclusão, de desejar que o outro seja também valorizado na sua dignidade. Mas quem acolhe, acolhe alguém, está acolhendo uma pessoa, mesmo que seja um morador de rua, ou ainda um alguém que está de viagem. Jesus disse que “quem vos recebe, é a mim que está recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou” (Mt 10,40).
Acolher tem sentido de humanizar. Isto é um desafio para a realidade da cultura brasileira dos últimos tempos, principalmente quando se fala de morador de rua, de desempregado, de famílias sem casa para morar, de drogados pelas praças. A questão está em quem confiar, porque a violência se alastrou para todos os setores da sociedade. Existe uma mentalidade de insegurança e medo.
Diante de tudo isto, o que fazer para incluir tantas pessoas marginalizadas? É um compromisso de cidadania, de mudança radical na condução da situação econômica do país e na responsabilização de uma política de inclusão social. A mudança passa especialmente pelas eleições, quando vamos escolher os novos administradores, políticos realmente comprometidos com uma gestão que liberte o povo.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba